Friday, 5 August 2011

O Inferno de P.

Ele chegara reclamando do calor,

choveu.

Pela noite até bateu um vento gostoso.

Inútil

(…)

a chama que lhe consumia

não vinha de fora


Seria mais uma noite de peito quente

mais uma noite de sonhos queimados


(…)


quem dera não sonhasse tanto,

e a falta de sonhos o matasse

por inanição

- Aquele inferno que se apoderava dele


“Sem saber ao certo como, talvez por estar sonolento, perdeu-se em uma selva sombria”.


Suas pegadas não indicavam direção,

apenas faziam ler em seus olhos

que a esperança

dali em diante

não teria

vez.


“Deixai toda esperança, ó vós que entrais”.


O inferno dos outros ganhava espaço em seu ser

e atravessá-lo agora seria uma tarefa solitária,

para o deleite de sua Beatriz perversa

pantagruélica pelo gozo

de um Virgílio que guardava dentro de si,

(...)

fundo no limbo de suas carnes

quentes

o suficiente

para transformar o Cocite em termas.



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