Friday, 12 August 2011

100 Anos de Solidão

E nessa bagunça de Aurelianos e Josés, acho que já nem sei quem sou...

Talvez,

na confusão das covas,

o destino venha a corrigir seu erro ao me dar a vida.


Até lá, o jeito que há é continuar vivendo

com a certeza de não ser o primeiro,

e a dor de não ser o último


bem no meio dessa estirpe marcada

a cem anos de solidão.


Monday, 8 August 2011

CAFÉ

Sempre odiei café,

nunca vi graça naquele copinho de pretume e cheiro forte

não me fazia sentido sentir o gosto do quente


mas hoje,

de repente,

o diabo do pretinho me chamou com força

e quando menos notei estava num shopping de madame,

ouvindo uma bossa que nunca foi o meu forte,

lendo pra esquecer das fraquezas,

e me afogando naquela negridão dos infernos,

...

que me lembrava o lar,

e descia quente esfriando um pouco do calor que me consumia.


Eu precisava daquele gole pra não me afogar pra sempre,

naquele gosto que odeio encontrei um prazer que achava ter perdido

por ai


Enquanto me sentia forte naquela poltrona,

sentia o cheiro de café moído,

e bebia

sem açúcar

aquele pretinho feio,

e não entendia

porque estava feliz

...

e o Poetinha

me dizia,

que pra fazer um samba com beleza,

era preciso um bocado de tristeza,

e que é melhor ser alegre que ser triste,

que a alegria é a melhor coisa que existe.


E justo hoje,

que eu queria tanto fazer um samba,

acabei aprontando poesia.

Friday, 5 August 2011

O Inferno de P.

Ele chegara reclamando do calor,

choveu.

Pela noite até bateu um vento gostoso.

Inútil

(…)

a chama que lhe consumia

não vinha de fora


Seria mais uma noite de peito quente

mais uma noite de sonhos queimados


(…)


quem dera não sonhasse tanto,

e a falta de sonhos o matasse

por inanição

- Aquele inferno que se apoderava dele


“Sem saber ao certo como, talvez por estar sonolento, perdeu-se em uma selva sombria”.


Suas pegadas não indicavam direção,

apenas faziam ler em seus olhos

que a esperança

dali em diante

não teria

vez.


“Deixai toda esperança, ó vós que entrais”.


O inferno dos outros ganhava espaço em seu ser

e atravessá-lo agora seria uma tarefa solitária,

para o deleite de sua Beatriz perversa

pantagruélica pelo gozo

de um Virgílio que guardava dentro de si,

(...)

fundo no limbo de suas carnes

quentes

o suficiente

para transformar o Cocite em termas.