==> Sugiro a leitura acompanhada da trilha sonora do filme "Nós que aqui estamos, por vós esperamos", de Marcelo Masagão. Inclusive, acho que este filme, como um todo, é uma das expressões artísticas mais representativas da rebeldia moderna de Hobsbawm.
<http://www.youtube.com/watch?v=Lwl_CdjW3sw&feature=BFa&list=PL53DFB8F2EEA7BBC5>
O ETERNO SÉCULO DE HOBSBAWM
Morreu a primeira página de meu livro
de história
velinha, já estragada,
mal se lia nela o passado...
entre seus traços esquecidos
brotavam
sozinhos,
qual ervas daninhas a consumirem o lar
dos Buendia
sonhos de um velho
socialista
que agora lá está e,
por nós,
espera.
Um homem de seu tempo e
além dele,
um socialista
e além dele
um sonhador
e além dele
um realista
e além dele
nós.
de sonhos grandes
e sonhadores miudos
dos temas eternos
e dos maestros fugazes
das canções que confortam eras
e mudam mundos
e entoam lamentos
goela abaixo
dos poderosos
e dos violentos
e dos brutos
e dos homens
- dos vencedores
- dos senhores
Por ti os sinos dobram,
hoje e amanhã
e para sempre
sob o badalo dos que tem frio
e fome
e sede
de justiça
e um dia viraram as páginas da
história
pelas Eras de Hobsbawm
e além
Choram por ti
as Pessoas Extraordinárias
num jazz silencioso
numa Marselhesa de Sans Cullotes
e sem direitos
e sem saida
e sem amores
e sem medalhas
e sem história
…
agora herdeiros de uma rebeldia,
que lá está e por nós
espera...
Estranho sentir-me assim tão afetado,
pela perda de alguém que nunca conheci.
Pela perda de um mestre, do qual hoje
discordo tanto: Razão pessimista, trajédia europeia, o absurdo do
homem branco...
são críticas
severas
que hoje posso entoar
contra ele inclusive
porquê nas páginas doces daquele Breve
Século XX
me perdi
pra nunca mais
me encontrar.